quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sonhar







Porque tenho a mania de querer oque não posso ter? De me jogar de cabeça em algo que sei que não tem futuro? Porque essa atração pelo impossível, essa vontade de me jogar de cabeça sem saber oque vou encontrar? Ah tantas perguntas e tão poucas respostas, tantos erros sem concerto e tantas cicatrizes para me lembrar do passado.

Lembro-me de olha-la nos olhos e pensar- um dia vou perdê-la; lembro-me de virar madrugadas pensando em como seria o fim de tudo, se seria algo civilizado ou bagunçado, se eu sobreviveria. Eu passava momentos felizes, sorria e me sentia vivo, mas, também sentia o fim inevitável de tudo. Nunca bom o bastante, nunca corajoso o suficiente.

Eu era um garoto assustado, tremendo ante a face do abismo e, mesmo assim eu me joguei. Dizem que a descida para o inferno tem a melhor vista do céu. Tenho que admitir que é verdade, descendo vertiginosamente eu sorria; admirando o paraíso eu sonhava em ver seus campos verdes e descansar sob a sobra de suas arvores. Mas foi só um sonho.

Às vezes acho que tudo em minha vida é um sonho. Sou feito de sonhos e tenho medo do que eu veria se um dia os perdesse. Meus sonhos já foram melhores, sonhos lindos com um futuro brilhante, sonhos de uma vida que seria minha. Sonhava com a casa, as crianças, cachorros e gatos. Sonhava com um casal bem velhinho vendo o por do sol. Sonhava em uma ultima palavra em meus lábios antes de sono final

Hoje sonho com o passado e ele é um misto de luz e trevas. Sonho com o futuro que, a meu ver pode ser igualmente sombrio. Penso, desejo, sonho, mas, ainda tenho uma voz em minha mente que me diz coisas inomináveis sobre a fim dessa jornada. Mas nem sempre é assim, em meio a esse inferno gelado em que e encontro, às vezes vejo uma chama. Linda e brilhando ela me faz sonhar com tempos melhores, com os campos verdes e quem sabe até uma sombra para descansar.

Eu sorrio por um tempo e então me dou conta de que sonhos são isso, apenas sonhos. Muitos têm o poder de tornar sonhos realidade. De fundir a malha dos dois mundos e atingir objetivos que antes pareciam impossíveis. Não acredito que seja um deles. Às vezes sonho em ser, sonho e fazer coisas incríveis. Sonho com olhos que brilham só para min, e sorrisos que dizem eu te amo. Mas dessa vez de verdade.

Sonhar é inútil muitos dizem, sonhadores não vão a lugar nenhum. Não lhes tiro a razão, sonhadores realmente tendem há deixar o tempo passar perdidos em sonhos. Mas quem sabe se eu sonhar com todas as minhas forças, com todo meu coração, eu consiga chegar a algum lugar. Ou eles podem estar certos e eu irei acordar um dia, velho, cansado e então ver que, minha vida não existiu.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tintas e nevoa Pt1





Incrível como (sim tenho mania de começar assim os textos) nosso passado nos persegue, às vezes em forma de uma pessoa, de uma frase, musica ou só uma lembrança que nos assombra tarde da noite. Somos atormentados por cicatrizes que vão muito além da carne, por feridas profundas que invocam nossos demônios. Sim o passado é um amante ingrato, nos faz sorrir e lembrar-nos de momentos doces só para em uma fração de segundo nos trazer o pior que já vimos.

Mas ao conversar com meus demônios me peguei pensando no futuro e sentindo uma velha ardência no estomago. Sim o futuro também pode ser cruel. Algo incerto, uma nevoa densa na qual vislumbramos formas turvas como nossas mentes febris durante as duras horas antes do amanhecer.

Admirando os espirais de fumaça de eu cigarro me peguei debatendo com as vozes em minha mente. Um debate furioso sobre qual seria o pior, um passado feito de lembranças dolorosas ou um futuro em que tudo oque vemos são ais cicatrizes? Não me entenda mal, não digo que o futuro será algo terrível, só não vejo muitas formas brilhantes em meio a nevoa.
Lembro-me do passado e isso me atormenta, mas não chega a ser pior que sofrer por antecipação. Diria que é igualmente ruim. Afinal nossa visão do futuro é baseada em nossas experiências do passado. Pintamos um quadro do amanhã nos utilizando das tintas que colhemos ontem e o hoje é só uma ideia, um esboço do que um dia será mais um quadro na galeria de nossas mentes.

Se me perguntar qual dos dois, passado ou futuro mais me atormentar eu responderia. Nenhum. Nada pode ser pior do que o agora, estar deitado e ter medo de se levantar, afinal fomos derrubados tantas vezes que não nos damos ao luxo de ficar de pé em um salto. Cada passo é mais cuidadoso que o ultimo e a cada pedra que vemos nosso coração da um salto. Seria essa pedra a primeira de muitas que usaremos para pavimentar nosso futuro ou será só mais uma na qual tropeçaremos? 

Odeio perguntas sem respostas, mas ultimamente são as únicas que tenho...
 


segunda-feira, 31 de março de 2014

O vazio que pulsa



Vazio, ah esse maldito vazio
Sempre o vazio, escuro e frio vazio
Um vazio estranho, que pulsa
Como um buraco negro cheio
Pronto para explodir
Meu vaio pulsa

Não como algo vivo, mas pulsa
E oque sinto junto do pulsar
Não é um sentimento, mas sim
Uma sensação, algo diferente
Sinto o pulsar e ao senti-lo
Nada sinto

Ah o vazio, meu vazio
O vazio que cresce
Vazio que toma e devora 
Vazio, meu vazio
É tudo que tenho e
Tudo que terei.
 

sábado, 22 de março de 2014

Adolescência


Lembro-me da adolescência, da época em que tudo começou; de quando eu tinha apenas 13 anos e já media 1,86. Eu era alto, magro e chamava a atenção das meninas da vizinhança. Lembro-me de como a vida era fácil, passava as manhãs na aula e as tardes lendo com a tv ligada. Saia com os amigos pra tomar banho de rio e andar pelo mato; andava de bicicleta e já sonhava acordado, sonhava em realizar sonhos que nunca foram realizados.

Quando ouvia que teria uma festa eu sempre pedia dinheiro para meu pai e ele sempre me dava, todo orgulhoso do filhão indo pegar as meninas. Eu sempre desviava do caminho da festa e ia jogar videogame em um bar da cidade, sozinho  e perdido em pensamentos eu ignorava o mundo a minha volta e naquelas horas me tornava algo melhor.


Incontáveis vezes salvei o mundo, o universo e vi os créditos descerem ao som de uma musica inspiradora. Eu já havia perdido parte da capacidade de me comunicar com as pessoas, já estava em processo de transformação, caminhando a passos largos em direção ao que sou hoje. Eu via garotas olhando pra min e comentando com as amigas entre sorriso coisas como – ele é tão bonito, pena que não fala-. 

Eu tinha amores platônicos que nunca saiam disso, pois como amar fisicamente alguém com quem eu não conseguia conversar? Como chamar pra sair uma garota quando eu mal conseguia dizer oi para as pessoas no meu dia a dia? E assim, enquanto todos aprendiam a “xavecar”, a dar encima e beijar; eu aprendia a deixar minha mente fluir e criar meu próprio mundo.

Eu vivi nesse mundo por anos, fechado em minha mente, vivia aventuras e vidas muito diferentes da minha. Lembro me de me imaginar longe de tudo vivendo em uma floresta de um verde muito escuro que se estendia pelo infinito sob um céu violeta carregado de nuvens. Enquanto isso meu pai gritava bêbado e minha avó tentava acalma-lo, as vezes eu era um gênio em um laboratório encontrando a cura para o câncer e as pessoas aplaudiam e gritavam meu nome. Na verdade era meu pai gritando que eu era um inútil, besta, burro e que nunca seria nada na vida.

Cresci assim, perdido em meu mundo, vivendo dentro de minha mente e assim me perdi. Ao me isolar eu ganhei um universo todo só para min, mas perdi uma vida toda de pequenos momentos felizes. Lembro quando meus amigos começaram a ir embora de minha vida porque eu não saia para festas e bailes. Lembro de ser a vergonha do meu pai por não ter namorada. Lembro-me das noites quando não conseguia ficar em meu mundo e chorava até dormir.

Acho que por hoje é só .
 


quinta-feira, 20 de março de 2014

Dores e vidas






Nem toda dor é física
Nem toda ferida pode ser curada
Nem toda morte tem um cadáver
E nem toda vida é vivida

Há dores piores que as do corpo
Feridas mais profundas que as de uma bala
Mortes que mantem o corpo animado por anos
E vida em que um cadáver não decomposto caminha

Nem a morfina ou drogas
Nem suturas e bandagens
Nem um coração que não bate mais
Nem alguém que caminha pelas ruas

Pois algumas dores são eternas
Algumas feridas permanentes
Algumas mortes demoram uma vida
E algumas vidas vazias e frias como a sepultura que nos aguarda.