Sentado na porta fumando um cigarro e ouvindo RHCP comecei a
pensar em como as pessoas que passam por nossas vidas sempre deixam algo, pelo
menos é assim na minha vida.
Quantas pessoa já conheci e ainda me lembro, quando passaram
rápida e as vezes tumultuosamente pelo meu caminho, me lembro de todas pois
cada uma delas deixou algo comigo. Muitas não levaram nada de min, se me virem
na rua sem me reconhecerão, mas eu que vou me lembrar, seja de coisas boas ou
más eu vou me lembrar.
Eu me sinto um colecionador de recortes, minha mente é como
uma parede forrada com eles, jornais, revistas, livros tudo depende do que
deixaram comigo. Posso me lembrar deles com ternura, com alegria, dor, tristeza
ódio, mas eu me lembro. Algumas deixaram coisas importantes como um amor ou uma
amizade, outros coisas ruins, uma ofensa, uma traição e outras levaram algo de
min, seja uma lembrança boa que levam consigo ou um pedaço de min que foi
arrancado.
Costumo me lembrar de aleatoriamente de pessoas e coisas,
mas não como todo mundo, no meu caso as lembranças são mais vivas porque não são
apenas de coisas que acontecerem mais do que eu senti no momento. Às vezes
estou sentado tranquilo na varanda a noite fumando um cigarro quando me vem
alguma dessas emoções, as vezes rios sozinho ou abaixo a cabeça com pesar
noutras olho para o céu com um sorriso de quem sente saudades ou com a cara
fechada por me lembrar de algo tão ruim.
Acho que no fim todos somos feitos de lembranças, para
alguns elas são vividas e importantes, para outros são só borrões que são esquecidos
em um segundo, mas todo somos assim, paredes com recortes, se bem que algumas
pessoas estão mais para cadernos com palavras avulsas.
Pergunto-me quantas pessoas são atormentadas pelas
lembranças, quantos perdem noite e noites lembrando-se de coisas ruins ou dos
bons tempos que não voltam. Quantas mentes não estão nesse momento perdidas,
corpos meio dormentes enquanto a mente se perde um turbilhão de memorias que os
levam a um estado de torpor.
Memoria podem ser anjos ou demônios.
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