Incrível como (sim tenho mania de começar assim os textos)
nosso passado nos persegue, às vezes em forma de uma pessoa, de uma frase,
musica ou só uma lembrança que nos assombra tarde da noite. Somos atormentados
por cicatrizes que vão muito além da carne, por feridas profundas que invocam
nossos demônios. Sim o passado é um amante ingrato, nos faz sorrir e lembrar-nos
de momentos doces só para em uma fração de segundo nos trazer o pior que já vimos.
Mas ao conversar com meus demônios me peguei pensando no
futuro e sentindo uma velha ardência no estomago. Sim o futuro também pode ser
cruel. Algo incerto, uma nevoa densa na qual vislumbramos formas turvas como
nossas mentes febris durante as duras horas antes do amanhecer.
Admirando os espirais de fumaça de eu cigarro me peguei
debatendo com as vozes em minha mente. Um debate furioso sobre qual seria o
pior, um passado feito de lembranças dolorosas ou um futuro em que tudo oque
vemos são ais cicatrizes? Não me entenda mal, não digo que o futuro será algo terrível,
só não vejo muitas formas brilhantes em meio a nevoa.
Lembro-me do passado e isso me atormenta, mas não chega a
ser pior que sofrer por antecipação. Diria que é igualmente ruim. Afinal nossa visão
do futuro é baseada em nossas experiências do passado. Pintamos um quadro do
amanhã nos utilizando das tintas que colhemos ontem e o hoje é só uma ideia, um
esboço do que um dia será mais um quadro na galeria de nossas mentes.
Se me perguntar qual dos dois, passado ou futuro mais me atormentar
eu responderia. Nenhum. Nada pode ser pior do que o agora, estar deitado e ter
medo de se levantar, afinal fomos derrubados tantas vezes que não nos damos ao
luxo de ficar de pé em um salto. Cada passo é mais cuidadoso que o ultimo e a cada
pedra que vemos nosso coração da um salto. Seria essa pedra a primeira de
muitas que usaremos para pavimentar nosso futuro ou será só mais uma na qual tropeçaremos?
Odeio perguntas sem respostas, mas ultimamente são as únicas
que tenho...
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