sexta-feira, 7 de junho de 2013

Filho






Ontem (ou anteontem, sou meio perdido no tempo) me peguei pensando em min mesmo conversando com eu filho, contando como conheci a mãe dele e como passamos muita coisa juntos e ai me lembrei de que não só não tenho filho como também não terei. Para ter um filho e uma esposa você primeiro precisa conhecer alguém e eu não vou.

É engraçado, não, engraçado não, é patético o fato de meu maior sonho ser ter uma família. Diga-me, o quão patético é sonhar com algo que a maioria das pessoas tem e saber que não vai ter isso? É mesmo patético, assim como um homem da minha idade ficar com os olhos cheios de lagrimas por pensar nisso.

Eu muitas vezes reclamos das pessoas e digo como elas são ignorantes, vazias e estupidas, mas na verdade as invejo. Invejo como elas são normais, como tem amigos e, sobre tudo como não estão sozinhas. Invejo sua ignorância e sua capacidade de não ver as cosias como elas são, sua “inocência” por assim dizer.

É duro envelhecer e ver que a vida passou em branco, ver que não conquistei um coração, que não sai com amigos ou andei de mãos dadas com uma namorada. Ver os dias passando rápido e notar que tudo esta acabando e eu aqui sozinho. É duro desejar oque muitos tem e não valorizam, oque algumas pessoas evitam e no fim é algo tão simples que ninguém vê o quão especial e importante é.  

Pois é, estou envelhecendo e da pior maneira possível... Sozinho.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Recortes de memorias







Sentado na porta fumando um cigarro e ouvindo RHCP comecei a pensar em como as pessoas que passam por nossas vidas sempre deixam algo, pelo menos é assim na minha vida.

Quantas pessoa já conheci e ainda me lembro, quando passaram rápida e as vezes tumultuosamente pelo meu caminho, me lembro de todas pois cada uma delas deixou algo comigo. Muitas não levaram nada de min, se me virem na rua sem me reconhecerão, mas eu que vou me lembrar, seja de coisas boas ou más eu vou me lembrar.

Eu me sinto um colecionador de recortes, minha mente é como uma parede forrada com eles, jornais, revistas, livros tudo depende do que deixaram comigo. Posso me lembrar deles com ternura, com alegria, dor, tristeza ódio, mas eu me lembro. Algumas deixaram coisas importantes como um amor ou uma amizade, outros coisas ruins, uma ofensa, uma traição e outras levaram algo de min, seja uma lembrança boa que levam consigo ou um pedaço de min que foi arrancado.

Costumo me lembrar de aleatoriamente de pessoas e coisas, mas não como todo mundo, no meu caso as lembranças são mais vivas porque não são apenas de coisas que acontecerem mais do que eu senti no momento. Às vezes estou sentado tranquilo na varanda a noite fumando um cigarro quando me vem alguma dessas emoções, as vezes rios sozinho ou abaixo a cabeça com pesar noutras olho para o céu com um sorriso de quem sente saudades ou com a cara fechada por me lembrar de algo tão ruim.

Acho que no fim todos somos feitos de lembranças, para alguns elas são vividas e importantes, para outros são só borrões que são esquecidos em um segundo, mas todo somos assim, paredes com recortes, se bem que algumas pessoas estão mais para cadernos com palavras avulsas.

Pergunto-me quantas pessoas são atormentadas pelas lembranças, quantos perdem noite e noites lembrando-se de coisas ruins ou dos bons tempos que não voltam. Quantas mentes não estão nesse momento perdidas, corpos meio dormentes enquanto a mente se perde um turbilhão de memorias que os levam a um estado de torpor.
Memoria podem ser anjos ou demônios.