Incrível como uma lagrima pode ser pesada, como algo tão
pequeno pode carregar tanta dor.
Choramos por muitas coisas, mas, nada dói tanto quando a
perde de quem amamos. Nada dói mais que ter um pedaço do nosso coração arrancado
e continuarmos vivos. Eu era tão feliz e eu sabia que era feliz, sabia que
aquilo não ia durar, nunca dura... mas eu sonhei, sim eu fui um tolo e acreditei
que podia ser feliz. Acreditei que uma criatura como eu poderia ser amada. Sonhei
que a vida que sempre quis, não uma vida rica ou cheia de coisas.
Sonhei com uma casinha no campo, envelhecer ao lado de quem
amo, criar meus filhos e vê-los ia para a faculdade. Sonhei com uma casa cheia
de vida aonde eu viveria uma vida tranquila. E sobre tudo sonhei com ela, uma
velhinha rabugenta sentada ao meu lado vendo o sol se por.
Olhar em seus olhos depois de uma vida juntos e dizer – eu ainda
te amo, assim como amei cada dia de minha vida e serei o homem mais feliz do
mundo se meu ultimo suspiro for em seus braços. Essa seria a vida perfeita, com
autos e baixos mas sempre ao lado do meu amor. Trabalhar o dia todo, chegar em
casa cansado e sorrindo por saber que dormiria com ela em meus braços.
Sonhar é para os tolos como eu, mas, realizar um sonho é
algo que esta além do meu alcance, sempre esteve e sempre estará.
Agora meus dias são vazios, escuros como nunca antes foram e
eu cada dia caio mais rápida e vertiginosa mente nesse abismo. Mais fundo do
que eu estava quando ela me estendeu a mão, mais escuro e frio também. Queria podre
arrancar o coração do meu peito e gritar aos céus jogando fora toda a dor que
sinto. Arrancar isso de min e me tornar duro como pedra.
Queria ser o monstro que todos diziam que eu era, aquela
criatura que não amava que não demonstrava fraqueza. Queria ser vazio,
totalmente vazio e não como sou agora. Sou uma casca vazia com um coração que
sangra e grita como um animal ferido. Arrasto-me pelas horas do dia esperando
chegar minha ultima, desejando a morte, mas fraco demais pra abraça-la.
Não vejo mais aquela vida perfeita com um sorriso nos lábios,
mas sim com lagrimas nos olhos. Queria perguntar a Deus porque pôs ela em minha
vida, porque tudo teve que terminar assim e porque não mereço ser feliz como os
outros. Porque ele deixou que existisse um bastardo destinado a ruína.
A vida me é amarga como nunca sonhei, meus dias são um borrão
envolto em lagrimas e sem esperança. Sentado aqui escrevo e aguardo o dia em
que terei a coragem necessária para abraçar a vela avó morte com um sorriso e
dando as boas vindas a ela dar adeus a tudo isso. Então sento, escrevo e escrevo.
Despejo através de meus dedos oque minha mente me grita.
Escrever é tudo que me resta, então continuo, tenho medo de
parar porque sei que a dor vai voltar mais forte do que antes. O problema de
ser solitário é não ter um ombro pra chorar ou braços pra me envolver. Tudo que
tenho são as palavras que aqui escrevo e minha voz as repetindo em minha mente.
A cada par de linhas eu paro para secar as lagrimas, mas
elas não param de escorrer. Pesadas como a vida elas queimam minha face como as
chamas do inferno, mas nem mesmo esse calor consegue vencer o frio que cresce
dentro de min. E só oque penso é – maldito seja o dia em que esse bastardo que
aqui escreve veio ao mundo -.
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